Trabalhar de graça… aquela expressão que ninguém quer ouvir. Embora a conotação menos positiva, projetos pro bono podem resultar a teu favor.
É certo que todos procuramos um projeto que gere rendimentos e que permita alcançar a estabilidade financeira. Ser pago pelo trabalho desenvolvido, é um sinal de sucesso.
Mas a ideia é encarar o trabalho de graça como um investimento. Trabalho gera trabalho. Uma colaboração gratuita pode transformar-se numa parceria a longo prazo e rentável.
Este artigo explora os pontos positivos de um projeto não-remunerado. Embora haja benefícios, é preciso ponderação na hora de avaliar certas propostas.
Que propostas considerar para aceitar trabalhar de graça?
Nem todos os projetos para trabalhar gratuitamente são atraentes e vão beneficiar o teu negócio. Alguns devem mesmo ser rejeitados!
Para selecionar os que têm maior potencial, deve ser feita uma pesquisa sobre a empresa ou organização e selecionar aquelas que vão ao encontro dos teus valores e que trazem consigo outro tipo de benefícios.
Vale a pena investir o meu tempo neste projeto?
Para responder a esta questão, devem ser colocadas outras perguntas que vão fundamentar a decisão.
Este projeto…
- Vai ajudar a promover o meu negócio?
- Vai gerar clientes que estão dispostos a pagar pelo trabalho no futuro?
- Vem de uma empresa à qual quero estar associado?
- Vai gerar uma peça de portfólio diferente de tudo o que já fiz?
- Vai ajudar-me a ganhar reconhecimento na área?
- Vai possibilitar obter um testemunho que posso usar no website ou redes sociais?
Esta reflexão vai permitir separar as propostas que têm potencial daquelas que, pelo contrário, tendem a “explorar” o trabalho dos freelancers.
Quando evitar trabalhar gratuitamente
Amigos, familiares e conhecidos de amigos, como veremos mais à frente, são bons exemplos de possíveis clientes para quem o trabalho de graça pode compensar.
Mas atenção!
Mesmo aqui, é importante avaliar o tempo que vais investir. Idealmente, deve ser proposto um valor. Pode até ser um preço simbólico. A ideia é minimizar os riscos de envolveres-te num projeto que pode vir a consumir recursos valiosos.
Caso concluas que vais perder demasiado tempo, antevês revisões ao projeto e relações complexas, simplesmente, põe de lado a proposta. Sem arrependimentos.
Da mesma forma, considera bem os “work spec”. Os potenciais clientes lançam um anúncio e esperam ver exemplos, ou nalguns casos a peça final. Só depois decidirão entre as várias propostas.
Antes de mais, nunca se deve entregar o projeto concluído. A empresa pode recusar-se a pagar e corres o risco de perder os direitos de autor, bem como a oferta de trabalho. Em segundo lugar, podes sempre remeter o cliente para o website onde tens o portfólio. É uma opção mais segura.
Por último, desconfia de uma oferta demasiado atraente. Empresas grandes e multinacionais, podem pedir o teu trabalho em troca de visibilidade.
Parece um bom negócio – e é uma das razões para trabalhar de graça, como veremos mais à frente – contudo, não deveriam ter um orçamento para subcontratações? É de desconfiar…
Bem, agora que explorámos o que deves evitar, foquemo-nos nos pontos positivos de trabalhar de graça.
O que tens a ganhar ao oferecer os teus serviços
O trabalho de graça tem tendencialmente uma conotação negativa. E deve ser considerado com ponderação, sob pena de contribuir para desvalorizar a indústria.
Esta forma de solicitação gratuita acontece, sobretudo em tempos de crise, onde todas as oportunidades parecem válidas.
No entanto, não deixa de ser uma excelente forma para ganhar visibilidade e experiência.
Experiência e Portfólio
Sobretudo para os freelancers juniores, ou pessoas que mudaram de carreira e não têm uma lista com projetos na área, trabalhar pro bono resulta noutro tipo de pagamento: a construção de um portfólio.
Obviamente, é importante regressar às perguntas anteriores e avaliar se vale a pena o investimento. Se acrescentar competências ao teu curriculum, excelente! Se é uma empresa que partilha os mesmos valores, perfeito!
Além disso, o cliente que hoje não tem orçamento para os teus produtos ou serviços digitais, pode continuar a crescer e transformar-se numa parceria de sucesso.
Testemunhos
As opiniões de terceiros valem, hoje em dia, ouro. Na verdade, funcionam como uma espécie de moeda de troca. E não é só no mundo do freelancing.
Tendemos a confiar mais nos testemunhos de outros, do que na descrição dos produtos ou especificidades técnicas.
É nesta base que trabalhar de graça pode ser vantajoso. O feedback de clientes deve ser incluído no teu website ou partilhado nas tuas redes sociais, o que representa uma certificação do teu trabalho.
Ainda mais notável é a possibilidade de conquistar contratos através de referências, o tradicional marketing de boca a boca. Um cliente satisfeito não hesitará em recomendar-te a parceiros de negócio.
Visibilidade
Sobretudo no regime freelancer, é importante aparecer e dar-se a conhecer!
Uma organização que tenha bastantes seguidores nas redes sociais e relevantes para a tua área, tem o potencial de ser uma boa aposta. Ao partilhar o teu projeto nos vários canais, abre-se a porta a outros clientes.
Ao invés de receberes um pagamento em dinheiro, estás a receber publicidade “gratuita” e a fazer uso de uma base de dados que (ainda) não dispões.
Aumentar a carteira de clientes
Saber onde estão os teus clientes ideais e como encontrá-los é uma tarefa que envolve esforço e dedicação. É um trabalho que também não é remunerado, mas contribui de forma relevante para o sucesso de um negócio independente.
- Lê também: Como e Onde Encontrar Clientes?
Ao trabalhar de graça para uma pessoa, empresa ou organização criam-se laços profissionais – e nalguns casos, de amizade. Estas pessoas não terão problemas em recomendar-te à sua rede de contactos, enaltecendo as tuas competências.
Mesmo a própria empresa pode vir a tornar-se um cliente ou um parceiro de longo prazo. Pouco a pouco, estás a criar e a expandir a tua carteira de clientes.
Mas tudo é uma questão de balanço e muita ponderação.
Conclusão
Investir num projeto que não gera dinheiro de forma direta, pode trazer outro tipo de retorno – e que até poderias estar disposto a pagar, como anúncios no Google ou noutras redes sociais, como forma de obter visibilidade e conquistar novos clientes.
Embora o trabalho de graça possa (e deva) ser encarado como uma aposta a longo-prazo, a decisão deve ser avaliada e ter em conta a relação custo-benefício.